segunda-feira, 28 de maio de 2012

Memória Morta - Esquecendo o Mais Importante


Memória Morta
Esquecendo o Mais Importante

Saga: O Demônio Branco
Episódio 1 - Corpos na Igreja

O anel do dedo anular da mão esquerda de Hosana brilhava intensamente, isso indicava que a procura estava próxima do fim. Tudo levava a crer que a igrejinha abandonada escondia um segredo. Ao abrir a porta eles viram um cenário abandonado com diversas cadeiras quebradas, entretanto estavam bem dispostas, destruídas, mas não modificadas de posição; feixes de luz entravam pelo teto e pelas vidraças dando certo ar macabro. Alguns cachorros usavam o local como abrigo, mas mostraram indiferença com a presença dos forasteiros. Não ficaram raivosos pela invasão de território.
___ segurou a mão de Hosana:
- Não solte minha mão - disse ___ com uma face de tensão.

Hosana apenas sorriu em contraste com a situação, aparentemente ela gostou de segurar a mão de ___ não sabia o porquê, mas gostava de segurar sua mão. Quando eles iniciavam sua investigação, o sino da igreja começou a soar com badaladas rítmicas, algo que fora escutado pelos aldeões há uma semana quando um casal de jovens da região sumiu. Eles apertaram suas mãos mais forte, uma forma de enganar suas mentes lhes mostrando segurança, mas também não podiam desistir, continuam avançando, chegam ao altar e tentam definir um local para entrar, bem acima deles um lustre inicia uma soltura instantânea e começa a balançar de forma pendular fazendo sons estranhos. Os dois olham para cima, tentando identificar o que acontecia, quando o lustre se soltou e caiu na direção deles, ___ se agarrou a Hosana e pulou escapando da trajetória do lustre; por pouco desviaram do impacto, se deslocaram só o suficiente.

Ainda no chão perceberam quando o teto cedeu e caiu em uma camada circular bem no local que eles acabaram de sair e bem em cima do lustre. Acima dessa camada estavam dois corpos abraçados. Hosana gritou e fechou os olhos. ___ tentou desviar o olhar, mas já tinha visto o suficiente para perceber serem as mesmas roupas descritas pelos aldeões, as roupas do casal desaparecido.
___ se levantou e gritou:
- Apareça... Seja quem for.

Havia uma poça de água bem a esquerda deles, a mesma começou a mostrar vibrações e tomar forma verticalmente. Havia olhos sem definição, um aparente rosto, formou-se um tronco, braços sem mão definida, as pernas se moviam lentamente, tentando ir em direção ao casal, movimentos robóticos e incertos. ___ hesitou, perdeu toda sua coragem, além de perder também suas forças para conseguir correr. Tentou andar um pouco para trás, mas mesmo esse movimento simples era impossível em meio a situação. Aquela forma humana se aproximou do corpo da aldeã, o tocou e passou a absorvê-lo.

O corpo se formou; estava incompleto, mas não parecia assustador, era apenas diferente. Ao olhar nos olhos da coisa perceberam lágrimas, não sabiam se era choro ou vestígios de água. A coisa forçou uma fala, mas tudo que se ouvia eram grunhidos sem significado, até que um grunhido pode ser identificado:
- Ela disse morram? - questionou Hosana.
- Saia daqui eu tenho um mau pressentimento - Hosana se negou a sair, se aproximou dele, apertou sua mão e disse:
- Jamais te deixarei pra trás.

3 comentários: